Esta é uma Greve que tem como lema “MUDAR DE RUMO”, e que tem como objectivo, não a destituição do actual Governo (como se faz crer), mas sim obrigar este a alterar as suas politicas laborais e sociais que tanto têm prejudicado os trabalhadores e o povo Português.
Esta Greve Geral é para todos os Trabalhadores e não só para a função pública, como os órgãos de comunicação têm anunciado, e têm a ver com todos, e nós aqui nos CTT não somos excepção.
No quadro a seguir iremos apresentar os motivos que levaram à marcação desta luta e demonstrar como todos eles têm implicações na nossa empresa.
MOTIVOS LEVARAM À MARCAÇÃO DA GREVE GERAL
FLEXIGURANÇA- É um modelo de organização laboral criado nos países nórdicos (Dinamarca) e que tem por pressuposto a flexibilização dos modelos de organização laboral, nomeadamente na polivalência funcional, na mobilidade geográfica, na flexibilidade de horários, nos baixos salários, na caducidade das convenções colectivas de trabalho e na liberalização dos despedimentos sem justa causa.
Também numa reunião de concertação social, entre o Governo, as associações patronais e as Centrais Sindicais, as associações patronais em uníssono defenderam a revisão do código de trabalho para penalizar ainda mais os trabalhadores.
É importante, aqui lembrar que o actual Governo na campanha eleitoral prometeu aos portugueses a revisão das normas mais gravosas do Código, e ainda nada fez.
È também importante não esquecer que a partir de 1 de Julho a presidência da União Europeia é de Portugal e que é durante esse período que eles pretendem implementar todas estas medidas.
PERDA DE PODER COMPRA- Esta Greve é também contra a perda de poder de compra, contra a politica seguida pelos governantes portugueses, que continuam a apostar numa politica de baixos salários que cada vez nos colocam mais na cauda da Europa a 25, e que cada vez mais colocam dificuldades aos trabalhadores para chegarem ao fim do mês. Em Portugal a pobreza e as dificuldades de quem trabalha por contra de outrem são cada vez maiores, em contrapartida os patrões estão cada dia mais ricos, apresentando lucros astronómicos, principalmente no sector bancário, de comunicações e farmacêutico.
PRECARIEDADE- O vinculo de Trabalho em Portugal está alarmantemente a ser alterado, cada vez são menos os trabalhadores efectivos , tendo vindo a ser substituídos por contratos a prazo, recibos verdes e subcontratação, procurando-se por este meio, reduzir custos, pagar baixos salários, reduzir a força dos trabalhadores nas suas reivindicações.
DESTRUIÇÃO/PRIVATIZAÇÃO SERVIÇOS PUBLICOS- O Governo tem vindo a entregar à iniciativa privada uma quantidade de serviços, ao mesmo tempo encerra serviços públicos, encarecendo os mesmos, limitando o livre aceso às populações aos mesmos. Encerramento de Hospitais, Urgências Hospitalares, Maternidades, Centros Saúde, Escolas, ATL`s, que são passado pouco tempo substituídos por Hospitais e Clínicas privadas, Escolas privadas etc…
Está o Estado desta forma a descartar-se das suas responsabilidades sociais, colocando aqui mais uma vez dificuldades aos trabalhadores e utentes.
IMPLICAÇÕES PARA OS TRABALHADORES DA EMPRESA CTT
DENUNCIA DO AE/CTT- O C.A. dos CTT, fez já a denuncia do AE, tendo entregue aos sindicatos a sua proposta. Proposta essa que a exemplo do ano transacto propõe praticamente a destruição ou em algumas matérias a transcrição do código de trabalho. Matérias tais como a alteração do conceito de local de trabalho, possibilidade de deslocações e transferências sem contrapartidas para a empresa, eliminação dos grupos profissionais, passado a haver apenas cinco, polivalência de funções abrindo a possibilidade de um CRT ou um TPG poderem executar praticamente qualquer tarefa do tratamento, passando pela distribuição, transporte, atendimento ou vendas, a proposta dos horários poderem ser de 12 horas diárias, 60 semanais sem direito a qualquer pagamento adicional, eliminação das progressões automáticas. O ano passado, com a luta e união dos trabalhadores foi possível travar estes intentos, este ano se não conseguirmos travar esta ofensiva da FLEXIGURANÇA, quando chegarmos as negociações do AE, será tudo bem mais difícil.
PROPOSTA AUMENTOS SALARIAIS- Este C.A., apresentou já aos sindicatos a proposta de aumentos salariais, 1,2% para quem recebe até 806.60E, e 1% quem recebe acima disso.
Mais uma vez é proposto aumentos salariais muito abaixo do valor de inflação, dizendo eles que não é possível ir mais longe!!!!
Há menos de um mês, o Dr. Luís Nazaré, publicitou à comunicação social, um lucro recorde de 66,8 milhões de euros, lucros esses que se devem não à politica da administração, mas sim ao profissionalismo dos trabalhadores dos CTT.
PRECARIEDADE- Nos CTT, temos vindo também a assistir a desregulamentação do vinculo laboral, deixaram de colocar trabalhadores no quadro, prolifera o emprego dos contratos a prazo e agora mais recentemente a subcontratação, procurando através da CTT Expresso ou da Mailtec, subcontratar trabalhadores, sem direitos, a receber muito menos.
ENTREGA DE SERVIÇOS A TERCEIROS-
Também os CTT, têm vindo a ser geridos com uma perspectiva de entrega do serviço postal à entidade privada, senão veja-se entrega de dezenas de EC`s, criação de Centrais de tratamento de correios de Pinheiro de Fora, agenciamento de centenas de giros da distribuição a CTT Expresso, no caso do atendimento, as EC`s estão a ser entregues a Juntas freguesia, casas povo, papelarias e tabacarias, até a cooperativas leiteiras, já o tratamento e a distribuição estão adjudicados a empresas do grupo CTT, que a qualquer momento podem deixar de ser. Estas medidas a curto prazo irão implicar reestruturações de serviços que poderão inclusive levar a despedimentos por eliminação de postos de trabalho.
Estes são apenas alguns dos motivos que levaram a que a CGTP-IN, marcasse esta forma de luta e a que o SNTCT a ela aderisse.
Poderíamos ainda aqui colocar muitas mais razões, mas estes são aquelas principais, e que como podem ver, estão intimamente ligados aos problemas que nós aqui nos CTT sentimos.
É necessário, uma vez mais, defender o AE/CTT, mas se não conseguirmos alterar as politicas globais, e se permitirmos que a flexigurança seja aprovada, será uma luta que todos os anos nos será colocada, a melhor forma de defendermos o nosso AE, a IOS, aumentos salariais dignos, o fim da entrega de serviços, será no dia 30 de Maio, juntamente com todos os outros trabalhadores Portugueses, exigirmos que este Governo, reveja e altere as suas politicas laborais e sociais.
Todos na Greve Geral, em defesa dos CTT e dos direitos laborais
SNTCT- a força de continuarmos juntos